Jovens do CASA Osasco I têm palestras com maratonista e ex-jogador da Seleção de Angola

Bicampeã pan-americana Adriana Aparecida da Silva e o angolano Johnson Macaba contaram suas histórias de superação

 

A vida impõe obstáculos, desafios e dificuldades tão grandes que podem até ter origem numa guerra civil ou estar relacionado ao condicionamento físico e mental para correr 42.195 metros.

Para compreender o conceito de superação, os adolescentes que cumprem medida socioeducativa de internação no CASA Osasco I, na Região Metropolitana de São Paulo, assistiram na última semana a duas palestras em ex-atletas profissionais: a corredora de longa distância Adriana Aparecida da Silva, bicampeã pan-americana de maratonas, e o ex-jogador de futebol Johnson Macaba, que atuou no Brasil e pela Seleção Angolana. Os diálogos foram proporcionados gratuitamente pela Palestra de Atleta, empresa que disponibiliza palestras com ex-atletas profissionais.

Nesta quarta-feira (10/07), durante cerca de uma hora, Adriana contou sobre sua trajetória como corredora: do nascimento na cidade de Cruzeiro, no interior paulista, passando pelo início no esporte aos 12 anos, numa corrida de 5 km; os treinamentos que a levaram, pouco a pouco, a conquistar desde a vitória na primeira prova, ainda há adolescência, quando recebeu R$ 50 de prêmio, à evolução nas distâncias, em provas de 10, 15km e meia maratona, até chegar às maratonas, tendo conquistado medalhas de ouro na modalidade em 2011, nos Jogos de Guadalajara (México), e em 2015, na cidade de Toronto (Canadá).

Os prêmios conquistados nas corridas ajudaram a sustentar sua família. Em 2004, ainda nas corridas de rua, ficou em terceiro lugar na Corrida Internacional de São Silvestre. “Com o prêmio, comprei uma casa para a minha mãe”, lembrou a ex-atleta, que também é detentora, desde 2012, do recorde brasileiro na maratona feminina de Tóquio, no Japão, com o tempo de 2:29:17.

“Por mais difícil que seja, não podemos desistir dos nossos sonhos, sendo necessário motivação e determinação para superar, além de disciplina para conquistá-los”, afirmou a ex-maratonista.

Segundo a presidente da Fundação CASA, Claudia Carletto, o contato dos jovens em internação com as vivências de ex-atletas colabora diretamente no processo socioeducativo. “A medida socioeducativa inclui a reflexão sobre o ato infracional praticado e como se espelhar em valores socialmente positivos para reconhecer o erro praticado e projetar um novo futuro no retorno ao convívio em sociedade”, analisou Claudia.

Sobrevivência, resiliência e superação também são três substantivos que fazem parte da história do ex-jogador Johnson Macaba, que ministrou palestra para os adolescentes do CASA Osasco I na última quinta-feira (04/07).

Sua história mescla a fuga da guerra civil de seu país natal, ocorrida entre 1975 e 2002, com a sua chegada ao Brasil; observar no futebol um meio de retornar à Angola; defender sua nação de origem; e, depois da aposentadoria como profissional da bola, procurar se tornar uma referência para jovens com idades entre 16 e 23 com a ministração de palestras.

No bate-papo com os jovens, Macaba contou sua trajetória. A primeira reviravolta ocorre quando ele tinha 8 anos de idade. Apesar da infância feliz em Angola, o país estava mergulhado na guerra civil. Seus pais decidiram se mudar para o Brasil, onde veio a enfrentar problemas com a discriminação pelo fato de ser gago. Ao se tornar adolescente – e com saudades de sua terra – decidiu se dedicar à carreira de jogador de futebol como estratégia para retornar, um dia, à sua nação.

Em 1998, se profissionalizou como atacante no Esporte Clube São Bernardo, localizado na cidade do ABCD paulista. Depois, passou por diversos clubes brasileiros, como o Juventus e a Portuguesa, e estrangeiros. Ao todo, defendeu 13 times, mas foi num jogo pelo Campeonato Paulista em 2001, do Palmeiras contra o União Barbarense, time que defendia à época, que Macaba ganhou visibilidade: ele marcou o gol de honra da equipe e, na comemoração, mostrou uma camiseta com a bandeira de Angola.

A imagem correu o mundo e possibilitou que ele fosse convocado para defender a Seleção Angolana nas eliminatórias para o Campeonato Africano das Nações e a Copa do Mundo de 2002, no Japão e Coreia do Sul. Ele realizou o sonho de retornar ao seu país de origem.

Para a diretora do CASA Osasco I, Fabiane Valentim Koetz, a vida do ex-jogador contagiou os adolescentes. “É uma baita história de perseverança e luta que trouxe diversas mensagens para os jovens, entre elas de como estabelecer objetivos e metas na vida, assim como ter disciplina”, avaliou a diretora.

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