Espetáculo “Fio do Meio” chega a centros da Fundação CASA na capital paulista

Apresentações do coletivo Cia Gente começam na quinta-feira (06) em três unidades masculinas e feminina do Centro e zona Leste

 

Os adolescentes em atendimento em quatro centros socioeducativos da Fundação CASA em bairros do Centro e da zona Leste da cidade de São Paulo assistem, a partir da próxima quinta-feira (06), às 14h, ao espetáculo “Fio do Meio, ato n°2: a travessia desacreditado do esbarrão”, do coletivo Cia Gente. A exibição é gratuita, com áudio-descrição e intérprete de libras.

São cinco apresentações na Fundação CASA: na quinta, no CASA Ônix, no Complexo da Vila Maria, um centro masculino; na sexta-feira (07), em duas sessões às 10h e às 14h, no CAIP Ruth Pistori, de atendimento feminino; e no dia 14 de julho, no CASA Itaquera (centro masculino), na zona Leste, também com sessões às 10h e às 14h.

Com patrocínio da Fundação Nacional de Artes (Funarte), o projeto Fio do Meio tem o objetivo de apresentar o espetáculo em dez exibições para adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa no Rio de Janeiro e São Paulo, sendo cinco em cada Estado.

A produção é assinada por Flávia Menezes (RJ) e Amy Struggle (SP). O grafismo é de Filipe Itagiba e a gestão de Zuza Zapata.

As apresentações fluminenses aconteceram entre maio e junho em unidades do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), sendo uma parceria entre Degase, Divcel, Cooecel e Governo do Estado do Rio de Janeiro. Em São Paulo, é uma parceria com Fundação CASA, Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania e Governo do Estado de São Paulo.

Cada exibição será seguida de oficina e bate-papo com os jovens, estratégias para construir espaços de experimentação e comunicação com o gesto a palavra.

A obra

De autoria do dramaturgo e antropólogo Paulo Emílio Azevedo, a obra toma como célula o movimento do ‘esbarrão’. Nele, observa e provoca uma via de mão dupla: a capacidade de mover corpos e também desse mover abrir espaços de conversação. Neste sentido, o criador e os dois arteiros em cena (SALASAR JR. e ZULU GREGÓRIO) acreditam na possibilidade de contribuir com diferentes abordagens junto à juventude em privação de liberdade, a fim de disparar outros mecanismos de voz e transformação da realidade. Nas palavras de Paulo, que detém vasta experiência sobre o tema – nada menos que duas décadas num total de 30 anos de carreira – “é (re)urgente se aproximar desses espaços e público em questão. Urgente, para que se ampliem a quantidade e qualidade de políticas públicas visualizar o problema a partir de uma dimensão não apenas social e política, mas, essencialmente, estética, considerando ainda os aspectos de uma sociedade de consumo e a urgência que isso demanda na dimensão do desejo dos adolescentes”.

O coletivo Cia Gente

Fundada em 09 de agosto de 2012 pelo antropólogo e professor Paulo Emílio Azevedo, a Cia Gente como o próprio nome indica, é uma companhia de gente, de gentes. Sua principal motivação está no reconhecimento de potências da diversidade humana, no exercício sensível do olhar através das manifestações artísticas e nas possibilidades criativas que emergem desses protagonismos – identificando, reconhecendo e fomentando variadas formas do saber e do fazer.

Atuando no campo da dança, da performance, do teatro, da literatura, do audiovisual e outras expressões, vem construindo um repertório amplo e consolidando uma linguagem e metodologia que se desdobram em diferentes ações e espetáculos, sempre acrescidos de um projeto pedagógico.

Funcionando em formato de Rede, sem sede própria, a companhia já conquistou plateias em diversas cidades brasileiras e em outros países (França, Alemanha, Bélgica, Uruguai, Portugal, entre outros), bem como já foi contemplada em diversos prêmios por meio de editais (públicos e privados) – as duas últimas contemplações foram a partir do projeto “Brasil sem ponto final” (Instituto Cultural Vale) e “Fio do Meio, ato n°2” que recebeu o prêmio Funarte Circulação e Difusão da Dança.

Sobre o criador do coletivo

Paulo Emílio Azevedo é professor, Pós-Doutor em Políticas Sociais e Doutor em Ciências Sociais com especialização em Antropologia do Corpo e Cartografia da Palavra. Criador no campo das artes cênicas, dramaturgo, escritor e consultor na área de Educação e Cultura, cuja pesquisa tem por objetivo refletir sobre outras formas de comunicação aos diversos protagonismos e redes de sociabilidade na sociedade contemporânea. Seu trabalho aparece bem ilustrado pelo processo criativo, conceitual e de gestão; onde tal experiência destaca a capacidade de unir teoria e prática como lugares de conversação, cabendo sublinhar as ações que se desdobram no espaço urbano, na capacitação de estudantes e educadores, na formação de intérpretes/performers/atores e nos trabalhos realizados diretamente com o público juvenil. Profissional preocupado em valorizar o “belo” em suas múltiplas formas. Recebeu diversos prêmios, entre eles “FOCA” através da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro (2011); “Prêmio FUNARJ de Dança” (2021); “Rumos Educação, Cultura e Arte” (2008/10) através do Instituto Itaú Cultural e “Nada sobre nós sem nós” (2011-12) no âmbito da Escola Brasil/Ministério da Cultura para publicação do livro “Notas sobre outros corpos possíveis” (2014) – com o mesmo concorreu a final do Prêmio Rio Literário (2015) na categoria “Ensaio”. Sendo um dos introdutores das práticas do poetry slam no Estado do Rio de Janeiro, vem desenvolvendo uma série de ações no campo da palavra falada e performance poética. Em 2016 foi um dos escritores da FLIP Paraty/RJ, em 2017 integrou o grupo de escritores na Printemps Littéraire Brésilien/Paris Sorbonne Université e em 2018 representou o país na Journée d’Etudes Cultures, arts et littératures périphériques dans les Amériques: une approche transnationale de la production, la circulation et la réception em Lyon (França). Quanto ao processo criativo quatro conceitos atravessam sua metodologia de trabalho, aquilo que o próprio denominou de 4D: desequilíbrio, desobediência, desconstrução e deformação– um aprofundamento sobre os mesmos pode ser melhor observado na plataforma da Cia Gente. É o mentor da Fundação PAz. Tem vinte e um livros publicados.

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