Jovens da Fundação CASA celebram mês da Consciência Negra

Equipes multiprofissionais promoveram ações junto aos adolescentes, muitas delas integradas com professores das escolas vinculadoras

                                         

Há muitos anos, novembro é o mês dedicado à celebração e discussão sobre a consciência negra nos centros socioeducativos da Fundação CASA. Em 2023 houve uma motivação especial, pois se comemorou, pela primeira vez no dia 20, o Dia da Consciência Negra no Estado de São Paulo, num feriado estadual instituído pela Lei Estadual nº 17.746.

Na Fundação CASA, as equipes multidisciplinares promoveram atividades pedagógicas com os adolescentes em internação ao longo do mês, muitas delas em conjunto com os professores da rede pública estadual, por meio das escolas vinculadoras. Cada centro socioeducativo realizou ações conforme sua realidade e parceiros locais.

No CASA Topázio, no Complexo do Brás, em São Paulo, ocorreram debates, reflexões e práticas de valorização da cultura afro-brasileira, transcendendo ainda para temas como cidadania, direitos humanos e diversidade, expressos em cartazes e painéis espalhados pelo centro socioeducativo, assim como rodas de conversa sobre racismo e estratégias de combate. Parte das ações contaram com os professores da escola vinculadora, a E.E. Padre Anchieta.

Na última quarta-feira (29), os jovens em internação participaram de um bate-papo e apresentação musical com os voluntários da igreja Jeame, parceira do CASA Topázio no Programa de Assistência Religiosa (PAR). O foco da ação foi discutir as manifestações do racismo estrutural, com a pedagoga Edsandra Silva e a muçulmana de origem nigeriana Fatimoff Ajibola Adesanya.

Entre os centros de internação do Complexo do Brás, o CASA Juquiá não só trouxe debates e reflexões sobre a consciência negra, com apresentações culturais, de poesia e música dos adolescentes em um evento especial, como ainda discutiram a condição do negro no Brasil e no mundo, além de análise crítica sobre a cobertura da imprensa.

Em oficina de notícias realizada em novembro, os jovens avaliaram a cobertura de diferentes veículos sobre a “revista aleatória” feita pela Polícia Federal no deputado estadual Renato Freitas (PT-PR), após o seu embarque em um avião na cidade de Foz do Iguaçu, no interior do Paraná, em maio deste ano. O caso teve repercussão na imprensa brasileira, discutindo a seleção de pessoas negras para essas revistas.

Para provocar a reflexão, os adolescentes foram incentivados a avaliar o quanto a ocorrência envolveu preconceito racial e se a cobertura jornalística o perpetuou: a abordagem, a descrição do fato, entre outros. A partir da formação do senso crítico, foram estimulados a escrever a própria versão. A oficina é parte do projeto Ponto de Encontro, de estímulo à leitura e produção textual, realizado em conjunto com a escola vinculadora, a E.E. Padre Anchieta, e a Fábrica de Cultura do Belém, parceira do centro socioeducativo em diversas ações pedagógicas no local.

Ainda no Complexo do Brás, a temática permeou atividades pedagógicas junto aos adolescentes em internação provisória e internação sanção, por meio do Projeto Explorando o Currículo (PEC), como ocorreu no CASA Rio Turiassu, durante as aulas com os professores da escola vinculadora, a E.E. Padre Anchieta. Cartazes, desenhos e murais apresentaram discussões sobre racismo, igualdade, preconceito e respeito à população negra.

Na zona sul da cidade de São Paulo, os jovens internados no CASA Jardim São Luiz I, a partir da temática “Respeito Não Tem Cor, Tem Consciência!”, elaboraram cartazes com personalidades negras e de jogadores de futebol que sofreram discriminação racial, dentre outros materiais. Os materiais, elaborados em conjunto com os professores da escola vinculadora, a E.E. Comendador Alfredo Vianello Gregorio, decoraram o ambiente socioeducativo até o final deste mês. Nesta quinta-feira, para fechar o mês de discussões e celebrações no CASA, houve apresentação musical de um integrante do Cooperifa e da Equipe da Fábrica de Cultura do Jardim São Luiz, a Cocão AVOZ.

Ainda na capital paulista, no CAIP Ruth Pistori, as adolescentes em internação provisória e internação sanção marcaram esta quinta-feira (30) com diversas ações para fechar o mês da Consciência Negra. Houve uma mostra sobre o tema organizada pelos professores da escola vinculadora, a E.E. Padre Anchieta, seguido da dramatização idealizada pela equipe pedagógica do centro sobre o criado-mudo, um móvel que recebeu essa denominação em alusão aos escravos que ficavam prostrados e em silêncio ao lado da cama de seus senhores.

O centro de internação provisória contou ainda com apresentação de um esquete, elaborada pela equipe psicossocial, sobre sete atos oficiais que decretaram a marginalização do povo negro no Brasil; uma exibição do coral das adolescentes que estão no Projeto Guri; vivências e brincadeiras de jogos africanos; e uma roda de conversa sobre as mulheres no samba.

Já no CASA Osasco I, em Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo, a miss plus size e palestrante Cristiane de Paula Amaral, moradora do município, conversou com os jovens sobre a importância da celebração do 20 de novembro, aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, no contexto de autoestima e luta da população negra. Cristiane, que utiliza o nome social Dandara, em alusão à companheira de Zumbi, é idealizadora do projeto Flor de Lótus, de estímulo e empoderamento das mulheres negras.

No litoral Norte paulista, os adolescentes internados no CASA Caraguatatuba participaram de atividades realizadas pela equipe pedagógica, discutindo racismo estrutural, genocídio do povo negro e a invisibilidade da população periférica, a partir da audição e análise da canção “A Carne”, eternizada na voz da cantora Elza Soares, e após assistir ao filme “Kicks: Defendendo o que é seu”, dirigido por Justin Tipping.

A música, cheia de metáforas, discute a luta do povo negro contra a opressão e a desigualdade, assim como sua busca por uma vida autônoma. Já o filme trouxe aos jovens uma reflexão sobre as consequências das escolhas realizadas na vida e como elas moldam a vivência do adolescente na complexidade urbana. No final, os adolescentes foram estimulados a utilizar charges em cartazes e murais elaborados por eles, que refletiram as temáticas debatidas.

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