Centros da DRMSE celebram Consciência Negra
Jovens participam de atividades pedagógicas variadas: desde jogo matemático a desfile de beleza
O mês de novembro foi dedicado aos debates e celebrações sobre a Consciência Negra entre os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação – ou nos programas de internação provisória e internação sanção – nos centros de atendimento da Divisão Regional Metropolitana Sudeste (DRMSE) da Fundação CASA.
Em ao menos oito centros socioeducativos, supervisionados pela DRMSE e localizados na capital, as atividades pedagógicas envolveram desde o uso da lógica no jogo africano Yoté até mesmo desfile de beleza negra feminina programado para fechar as comemorações.
As ações dividiram-se entre propostas das equipes pedagógicas dos centros e aquelas realizadas em conjunto com as escolas vinculadoras.
A seguir, confira como cada centro socioeducativo trabalhou a temática.
CASA Chiquinha Gonzaga
Em conjunto com os professores da escola vinculadora, a E.E. Oswaldo Cruz, as adolescentes em internação discutiram o racismo institucional. Primeiro, em duplas, nas salas do Ensino Médio. Depois, com uma encenação teatral, para todo o centro socioeducativo, conforme cada módulo. Os debates serão encerrados na semana de 20 a 23 de dezembro, com intercâmbio de discussões entre as jovens e alunos da escola vinculadora.
Com a equipe pedagógica, as jovens elaboraram painéis em oficinas temáticas, em que também conheceram mais sobre a cultura africana, as cores, penteados e vestimentas. A programação incluiu ainda apresentação das turmas de percussão e violão do Projeto Guri.
CASA Feminino Bom Retiro
Entre os dias 22 e 26 de novembro, o centro socioeducativo realizou uma semana temática, cujo fechamento acontece na próxima sexta-feira (03), com o 2º Concurso de Beleza do CASA Feminino Bom Retiro, de resgate de autoestima e valorização da beleza afrodescendente.
As adolescentes em internação participaram de grupo temático, que contou com depoimento pessoal do diretor do CASA, Rodinei Santos da Cruz, sobre preconceito, racismo e identidade.
No contexto, também houve sobre religiões africanas, com o Pai de Santo Sergio Luiz Guedes da Silva, do candomblé, e sobre cultura e música, com o dançarino Clayton Luis Luciano, da escola de samba Unidos do Peruche. Os conhecimentos das jovens foram testados em duas gincanas inter salas: uma do gênero “Passa ou Repassa” e outra esportiva.
CAIP Ruth Pistori
As adolescentes em internação provisória e internação sanção assistiram a curtas – como “Dudu e o Lápis Cor de Pele”, de Miguel Rodrigues – que debateram o racismo presente a partir do tom da cor da pele, com roda de conversa e pintura de bonecas com paletas de 12 cores para tons de pele.
As jovens ainda participaram de duas reflexões em formato de jogos, propostos pela equipe pedagógica. O primeiro foi o “Jogo dos Privilégios”, em que, por meio de perguntas com respostas positivas ou negativas era possível identificar discriminações que elas sofreram ao longo da vida, como racismo, gênero e homofobia.
O segundo foi o “Teste do Preconceito”, numa adaptação de um quadro do programa de televisão “A Liga”, em que as adolescentes precisaram identificar a profissão de uma pessoa apenas com base na aparência física. E ainda houve um momento de discussão sobre o racismo presente em frases populares, como “cabelo ruim”, a fim de identificarem o caráter preconceituoso por detrás das expressões.
CASA Itaquera
O centro socioeducativo localizado na zona leste da cidade de São Paulo investiu em atividades pedagógicas diferenciadas, como a apresentação do jogo Yoté para os adolescentes de todos os ciclos, nas aulas de matemática. Trata-se de um jogo de tabuleiro de origem africana.
Também houve elaboração de painéis sobre personalidades de origem negra, como o reconhecido advogado Luiz Gama e a sambista Dona Ivone Lara, além de bonecas abayomi. Os adolescentes ainda assistiram ao filme “O Grande Desafio”, do ator e diretor Denzel Wahshington, que retrata a história de um professor que atua em um concurso de debates entre duas universidades – uma com estudantes negros e outra apenas com estudantes brancos; além do cine-debate do filme “O ódio que você semeia”, do diretor George Tillman Jr..
CASA Juquiá
No centro socioeducativo do Complexo do Brás, os adolescentes confeccionaram bonecas abayomi – criadas originalmente pela artista e artesã Lena Martins – e elaboraram painéis sobre personalidades negras, como o ativista Martin Luther King e o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela.
No dia 24 de novembro, os jovens assistiram à palestra sobre a origem africana com o professor Amilton Magno Azevedo, chefe do Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que também atua no programa de estudos para pós-graduados em História da mesma instituição de ensino.
CASA Topázio
Já no centro de internação provisória do Complexo do Brás, adolescentes e familiares foram focos da palestra sobre a Consciência Negra, realizada no dia 23 de novembro, num dia de visita familiar. Os agentes de apoio socioeducativo Pedro José de Melo e Marcílio Peçanha de Azevedo, assim como o agente educacional Francisco Magalhães Martins (o Chiquinho), discutiram a temática. Os jovens, por sua vez, apresentaram poesias temáticas.
CASA Rio Tocantins
No centro socioeducativo, o viés foi ainda mais voltado à cultura, com ação conjunta com os educadores do Projeto Guri, com apresentações que procuraram dialogar o ancestral com o novo de origem cultural africana.
As atividades envolveram diversas linguagens artísticas, como os musicais da cultura de rua afrobrasileira – Partido Alto e o do repente –, o Slam, as batalhas de rima (freestyle) e o break, que se tornou modalidade olímpica com estreia prevista para os Jogos de Paris 2024.
No Slam, por exemplo, os adolescentes conheceram as possibilidades criativas e políticas da linguagem e produziram rimas faladas cheias de consciência cidadã.
CASA Itaparica
Entre os dias 23 e 26 de novembro, o centro socioeducativo do Complexo do Brás realizou uma semana intensa de atividades com os adolescentes.
A programação começou com uma palestra sobre religiosidade com o agente educacional Sidnei Rodrigues, seguida de encenação da música “Três Raças”, da cantora Clara Nunes, feita pelos adolescentes da oficina de alfabetização, sob orientação das pedagogas Sandra Menezes e Lucia Naomi.
No dia seguinte, os rapazes assistiram ao filme “Homens de Honra”, dirigido por George Tillmen Jr., e responderam a perguntas para que correlacionassem a questão do preconceito com temáticas como superação, oportunidades e conquistas.
Um ato ecumênico, sobre a unidade divina, foi o ponto abordado por diferentes denominações religiosas: o agente educacional Sidnei Rodrigues, do candomblé; Antônio Colado, da Casa André Luís, sobre espiritismo; o Padre José Enes, da Igreja Católica; e o pastor Moisés Ferreira, da Assembleia de Deus.
O fechamento foi com a apresentação dos trabalhos realizados em sala de aula dos professores da escola vinculadora E.E. Padre Anchieta e a equipe pedagógica do CASA. Cada sala multiuso foi decorada com uma personalidade, com imagens e explicações sobre quem foram e sua influência na luta pela condição dos negros.