Férias escolares do CASA Peruíbe têm palestra sobre primeiro emprego

Bióloga que participa de projeto da Unesp falou sobre inserção no mercado de trabalho

 

Os adolescentes que cumprem medida socioeducativa de internação no CASA Peruíbe, no litoral Sul paulista, participaram na última sexta-feira (26) de uma palestra sobre o primeiro emprego com a bióloga Silvana Marques do Carmo, docente que atua no projeto “Ciência na Escola: Metodologia Científica para Professores”, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).

O bate-papo dinâmico é parte das atividades pedagógicas de férias escolares promovidas no centro socioeducativo da Fundação CASA. Durante o mês de janeiro e parte de fevereiro, os jovens contam com uma agenda pedagógica diferenciada, que mesclam atividades formativas, esportivas, lúdicas, dentre outras. A educação escolar na Instituição segue o calendário e o conteúdo programático da rede pública estadual, cujas aulas retorno no dia 15 de fevereiro.

O objetivo da palestra foi provocar nos jovens a reflexão sobre os temas que circundam a inserção no mercado de trabalho, como os diferentes ambientes de trabalho, as formas de contratação – como empregado, aprendiz e estagiário –, a importância do desenvolvimento de habilidades profissionais e as estratégias para elaboração do currículo.

A professora, que é orientadora de estagiários do curso de licenciatura em Biologia na Escola Estadual Pastor Joaquim Lopes Leão, propôs dinâmicas com os adolescentes por meio da simulação de entrevistas de emprego, como ocorre no ambiente corporativo. Silvana deu dicas de atitudes e comportamentos dos entrevistados que podem influenciar a análise do entrevistador.

Segundo a coordenadora pedagógica do CASA, Priscila de Oliveira Silva, a inserção no mercado de trabalho é um tema de interesse recorrente dos adolescentes atendidos. “Os meninos nos perguntam bastante sobre essa possibilidade, até porque muitos já se encontram na etapa final de cumprimento da medida socioeducativa”, afirmou a coordenadora pedagógica.

Caminhos

No dia anterior, na quinta-feira (25), os jovens em internação participaram de uma palestra seguida de oficina com a poeta e escritora Gih Trajano. O título da palestra foi “Improvisada desde que nasci”. A partir da sua trajetória de vida, a poeta refletiu com os adolescentes sobre como as escolhas feitas ainda na juventude podem levar a consequências complexas no futuro, como o envolvimento com a criminalidade.

A poeta e escritora, que já adorava livros desde a infância, se envolveu com o crime. Na primeira passagem no sistema carcerário, na biblioteca do presídio onde ficou, teve contato com a literatura jurídica por meio do Código Penal. Na ocasião, durante a primeira década desde século, escreveu um habeas corpus apontando falhas do seu processo e foi atendida.

Após a liberdade, alguns anos depois, em 2014, seu processo teve um revés e foi novamente condenada e precisou cumprir quatro meses em regime fechado. Durante a nova privação e liberdade foi trabalhar na biblioteca do presídio feminino, onde acabou sendo descoberta pelo Coletivo Poetas do Tietê, coordenado por Jaime Queiroga, durante uma das edições do Sarau Asas Abertas.

Ali foi incentivado o seu talento como escritora e na batalha de rimas. Gih Trajano já lançou dois livros: “Quem saberia perder”, volumes I e II, pela editora Selin Trovoar.

“Foi um relato de superação na vida, demonstrando como as escolhas trazem consequências e o quanto ilusório o mundo do crime”, avaliou Priscila.

Após a palestra, Gih convidou os jovens para uma batalha de rimas, para que também pudessem se expressar artisticamente. No final das mais de três horas de interação, a poeta e escritora pediu que os adolescentes indicassem palavras que lhes marcaram naquela tarde, usadas por Gih para, de improviso, fazer um poema. “Todos se emocionaram”, contou a coordenadora pedagógica do CASA Peruíbe.

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