Personalidades do Vale do Paraíba falam sobre superar adversidades com jovens do CASA Serra da Mantiqueira

A 3ª edição do Café na Serra reuniu convidados como o jornalista Carlos Abranches e a paratleta Erica Felix Ribeiro

 

Um jornalista com mais de duas décadas de carreira que veio “da roça”. Uma servidora pública que fugiu da guerra no seu país de origem. A deficiência física que se transformou na gana em se tornar paratleta. A partir de vivências distintas, cerca de 40 adolescentes em internação provisória e internação sanção no CASA Serra da Mantiqueira, em São José dos Campos, conheceram histórias que possuem em comum a superação durante a 3ª edição do Café na Serra ontem (04).

O evento, organizado pela equipe de servidores do centro socioeducativo da Fundação CASA, debateu meios de ultrapassar as dificuldades impostas pela vida, a partir das vivências de personalidades e moradores da região do Vale do Paraíba, como o jornalista Carlos Abranches, os paratletas Erica Felix Ribeiro e Fernando Wanderson de Carvalho e a angolana Albertina dos Santos Silva, agente de apoio operacional do centro socioeducativo.

“O propósito nosso foi gerar um impacto positivo nos adolescentes, mostrando que todas as pessoas enfrentam algum tipo de dificuldade na vida e procuram superar e sem se envolver com a criminalidade para isso”, explica o diretor do CASA Serra da Mantiqueira, Eder Almeida da Silva.

Segundo o diretor, muitos dos jovens que ingressam no centro socioeducativo justificam o envolvimento com o ato infracional pelas dificuldades pessoais. “As histórias foram compartilhadas como exemplos para mostrar a superação individual e que é possível conviver em sociedade de forma legítima”, acrescenta Silva. “A resiliência oferece um novo sentido à experiência vivida, que pode ser dolorosa e transformada em oportunidade.”

Do jornalista Carlos Abranches, com mais de 25 anos de carreira e com passagens em emissoras de televisão como Vanguarda e Band Vale, os adolescentes souberam da sua origem humilde, da família do campo e como seu pai acreditava que a habilidade do filho em falar com as pessoas poderia ser uma espécie de “cura”. Apesar das dificuldades impostas pela vida, Abranches construiu uma carreira sólida no jornalismo, podendo também auxiliar as pessoas com suas reportagens, além de se tonar pai e músico e se dedicar a ações sociais.

Os paratletas Erica Felix Ribeiro, do atletismo, e Fernando Wanderson de Carvalho, ciclista, atuam pelo Instituto Athlon, em São José dos Campos, contaram como a deficiência visual de cada ressignificou suas existências e que encontraram no esporte o meio para se superar.

Já a servidora estadual Albertina dos Santos Silva sobreviveu à guerra civil de Angola, cujo início foi em 1975, após o movimento de independência de Portugal, e se estendeu até 2002. Aos 12 anos, ela e a família vieram refugiados para o Brasil, onde se estabeleceram. Hoje moradora de São José dos Campos, Albertina trabalha na Fundação CASA desde 2004 e falou sobre os horrores vividos na guerra e a dificuldade em superar os obstáculos na nova vida em outro país.

A roda de conversa contou ainda com a apresentação musical dos jovens do Projeto Jataí, da Associação dos Salesianos Cooperadores de Pindamonhangaba, com regência do maestro William Bonafé.

O Café na Serra ocorre anualmente desde 2021, com a proposta de que, por meio de rodas de conversa, o saber seja construído de forma horizontal entre adolescentes e adultos.

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