Jovens do CASA Osasco II são voluntários em obra social destinada a pessoas com deficiências múltiplas

Adolescentes na fase final da internação auxiliam atendidos na montagem de peça sobre a Paixão de Cristo, a ser encenada em 05 de abril

 

Dois adolescentes, de 16 anos, que estão na fase final de cumprimento de medida socioeducativa de internação no CASA Osasco II, em Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo, realizam trabalho voluntário junto a pessoas com deficiências múltiplas, inclusive intelectual, atendidas na obra social Pequeno Cotolengo Paulista, em Cotia.

A ação voluntária ocorreu nesta terça-feira (28) no auxílio aos atendidos durante os ensaios da encenação de uma peça sobre a Paixão de Cristo, a ser exibida no local no dia 05 de abril. A proposta começou no dia 21 de março. Os jovens ajudam na condução pelo palco das pessoas que utilizam cadeiras de rodas na locomoção.

A iniciativa é parte do Projeto Escambo Solidário, desenvolvido pela equipe técnica do CASA Osasco II, para despertar nos adolescentes competências socioemocionais e éticas, como empatia e solidariedade, que possam se refletir no retorno dos adolescentes ao convívio familiar e social.

Para isso, a equipe multidisciplinar do centro socioeducativo da Fundação CASA seleciona jovens que estejam na última das quatro fases do cumprimento da internação no centro socioeducativo, avaliando de acordo com o plano individual de atendimento (PIA) de cada um.

O trabalho voluntário, neste aspecto, foi a estratégia utilizada para proporcionar o senso de realização dos jovens, além de utilizar a troca de experiências e habilidades com os moradores da obra social como meio para eles conhecerem novas pessoas e realidades, além de colaborar positivamente na comunidade.

Para o presidente da Fundação CASA, João Veríssimo Fernandes, proporcionar a aproximação dos jovens com outros contextos aumenta a visão de mundo. “É parte do processo da medida socioeducativa mostrar aos adolescentes que a vida é múltipla e maior do que a perspectiva focada na vivência do ambiente do crime”, afirma João Veríssimo.

Segundo a programação do Projeto, os dois adolescentes realizam o trabalho voluntário em mais um ensaio da peça, previsto para a próxima sexta-feira (31), e na exibição da montagem na antevéspera do feriado da Paixão de Cristo, data a ser celebrada pelos cristãos no dia 07 de abril.

“Queremos também levar os jovens para auxiliar as pessoas atendidas em outras atividades que realizam, como equoterapia e oficinas de arte, conforme as necessidades apresentadas e alinhadas com a gestão da obra social”, explica a encarregada Técnica do CASA Osasco II, Renata Vasconcelos, responsável por toda articulação do Projeto.

No centro socioeducativo, o modelo de atenção adotado para atender aos adolescentes no desenvolvimento do seu plano individual de atendimento é formado por quatro fases.

A primeira é o acolhimento, com tempo mínimo de permanência de 45 dias para adaptação do jovem à realidade de estar internado por prazo indeterminado, de forma a conhecerem e vivenciarem as regras e rotina estabelecidas.

Na segunda fase, o reconhecimento do erro, envolve o processo de reforçar noções de direitos e deveres, para que o adolescente passe pelo processo de reconhecer a prática do ato infracional como um erro, aceitar e refletir sobre o que fez. O tempo mínimo de permanência são dois meses.

A fase seguinte, a terceira, é direcionada ao reconhecimento crítico, com período mínimo de permanência de dois meses, em que a equipe de referência prepara o jovem para que aprenda a agir com autonomia, solidariedade e responsabilidade.

A quarta e última fase, que dura pelo menos dois meses, é o projeto de vida, em que o adolescente começa a elaborar seu projeto para o futuro após a desinternação, e quando pode participar de atividades socioeducativas externas com autorização judicial.

A obra social Pequeno Cotolengo Paulista foi criada em 1964 e é administrada por religiosos ligados à Congregação de São Luís Orione, um santo de origem italiana que dedicou sua vida a servir pessoas pobres, abandonadas e necessitadas. O local hoje atende gratuitamente a mais de cem pessoas com deficiências múltiplas que foram abandonadas ou sofreram maus tratos, mantidas com apoio de doações.

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