Jovens da Fundação CASA na capital têm workshops de judô
Ação foi promovida voluntariamente pelo judoca faixa preta Marcelo Garcia nos centros de atendimento Vila Guilherme, Bela Vista e Feminino Cora Coralina
Um meio de retribuir à sociedade o que ela lhe proporcionou. A partir dessa filosofia, o judoca faixa preta Marcelo Garcia, 46 anos, realizou três workshops entre os meses de setembro e outubro para 86 adolescentes, de ambos os gêneros, que cumprem medida em três centros da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA) na capital, os CASAs Vila Guilherme e Bela Vista, no Complexo da Vila Maria, e Feminino Cora Coralina, no Complexo do Brás.
Compartilhar um pouco do seu conhecimento e das técnicas do esporte que pratica desde 1984, quando tinha 5 anos de idade, foi sua estratégia para fazer com que os princípios do judô alcancem jovens em situação de vulnerabilidade, devolvendo à sociedade os benefícios que obteve em sua vida. Ele estudou curso técnico em Têxtil pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que lhe proporcionou acesso a uma graduação em Processos de Produção e hoje tem uma carreira consolidada em uma grande empresa do segmento esportivo. Até os 20 anos, Garcia competiu na modalidade, tendo alcançado a faixa preta aos 16 anos.
A ação voluntária foi viabilizada por meio da equipe da área técnica de Educação Física e da supervisão da Divisão Regional Metropolitana Capital (DRCAP), responsável por supervisionar os centros de atendimento das cidades de São Paulo e Osasco, a partir de um contato inicial com Garcia, proporcionado por meio da Gerência de Educação Física e Esporte (Gefesp) da Fundação CASA.
Durante as oficinas, em comum, o judoca apresentou a origem do esporte e a filosofia incutida. Judô significa “caminho da maleabilidade” ou “caminho suave”, a busca do equilíbrio, uma terminologia trazida pelo sensei Jigoro Kano, um pedagogo japonês, no final do século XIX. Kano utilizou dois conceitos: a força de forma eficiente e benéfica, chamada de senryokuzenio, e a procura pela evolução mútua dos praticantes, chamada de jitakioei, em que cada atleta evolui tanto a partir do desenvolvimento do seu oponente, como também provoca a evolução deste.
“São conceitos que extrapolam os limites esporte, sendo guias para formar o caráter, o amor próprio e a racionalidade, utilizando o judô como um método para os praticantes buscarem o melhor de si e, por consequência, se tornam cidadãos úteis à sociedade”, explicou o esportista.
Os workshops não ficaram apenas na teoria. Na parte prática, Garcia promoveu dinâmicas e exercícios de noções básicas de quedas, de desequilíbrio do oponente, reflexo, força e recreação. Para os adolescentes dos centros masculinos, priorizou ainda exercícios de resistência corporal, enquanto para as jovens do centro socioeducativo feminino indicou reações básicas de defesa corporal. Nos centros, Garcia ainda simulou posições iniciais de lutas, mas sem qualquer conotação violenta.
“O judô, como qualquer outra arte marcial, não torna as pessoas mais violentas. Ele oferece o poder de autocontrole e autoconhecimento, trabalhando conceitos da moral, do reconhecimento da força e do saber ceder e negociar de forma racional para objetivos que vão além do resultado da luta”, analisou o profissional.
A presidente da Fundação CASA, Claudia Carletto, reforçou a importância do acesso dos adolescentes a práticas esportivas como o judô. “O judô ajuda a melhorar a coordenação motora, a concentração, a autoconfiança, o espírito e a mente, requisitos importantes para a juventude, assim como para os adolescentes em medida socioeducativa, que retornarão ao convívio em sociedade”, afirmou.