Jovens da Fundação CASA em São José dos Campos assistem ao filme Ainda Estou Aqui
Adolescentes da Semiliberdade mergulharam no livro homônimo e na obra vencedora do primeiro Oscar para o Brasil por incentivo do promotor da Infância e Juventude local

Quatro adolescentes da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA) de Semiliberdade de São José dos Campos, localizada no município do Vale do Paraíba, viveram uma experiência inédita e historicamente marcante para si na última terça-feira (25). Os jovens assistiram ao filme “Ainda Estou Aqui”, do diretor Walter Salles, ganhador do primeiro Oscar de filme internacional para o Brasil neste ano. O longa retratou o episódio do desaparecimento e morte do ex-deputado Rubens Paiva no contexto da ditadura civil-militar durante a década de 1970, assim como o direito da família à memória.
Antes da sessão no cinema, os adolescentes leram trechos do livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva, que inspirou o longa, e debateram com servidores da Fundação CASA de Semiliberdade o contexto e impactos do período ditatorial no país. Pela primeira vez, esses jovens, com idades entre 16 e 17 anos, assistiram a um filme brasileiro. Toda a experiência foi incentivada pelo promotor da Infância e Juventude João Marcos Costa de Paiva, que atua na região, e proporcionada em conjunto com a equipe do centro de atendimento.

A ideia surgiu no início de março, durante um diálogo entre o promotor e a diretora da Fundação CASA de Semiliberdade de São José dos Campos, Vanessa Medeiros Alves. “Abraçamos imediatamente a proposta, por reconhecermos a importância da temática retratada no filme e de como poderíamos abordar o conteúdo de forma educativa com os jovens”, contou a diretora.
O passo seguinte foi estimular entre os adolescentes a leitura de trechos do livro de Marcelo Rubens Paiva. Os jovens, que cursam entre o 9º ano do Ensino Fundamental e a 3ª série do Ensino Médio, ainda debateram os temas sobre a ditadura com os servidores do centro de atendimento, em especial a diretora e a agente educacional Graziela Pelegri. “Eles se engajaram muito”, lembrou a agente educacional. O aprofundamento no tema ocorreu durante a segunda quinzena de março a até pouco antes da sessão de cinema, no dia 25.
Acompanhados da agente educacional, da diretora e do promotor da Infância e Juventude, os adolescentes reagiram imediatamente às cenas da obra que faziam alusão à ditadura. “Em conversas paralelas durante a sessão, os jovens comentaram indignados o que aconteceu, contextualizando com a realidade e reforçando o que tinha sido discutido antes”, explicou a diretora da Fundação CASA de Semiliberdade.
“Acendemos neles a curiosidade em conhecer um período marcante da nossa história e que é tão recente no país”, completou a agente educacional. Os adolescentes assistiram gratuitamente ao filme, com ingressos custeados pelo promotor de Justiça.
Sobre a Fundação CASA
A Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA), vinculada à Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, aplica medidas socioeducativas conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Atendendo jovens de 12 a 21 anos incompletos em São Paulo, a Fundação executa medidas de privação de liberdade e semiliberdade, determinadas pelo Poder Judiciário, com base no ato infracional e na idade dos adolescentes, garantindo os direitos previstos em lei, pautando-se na humanização, e contribuindo para o retorno do adolescente ao convívio social.