III Caminhos Literários no sistema socioeducativo: Adolescentes da Fundação CASA realizam atividades de fomento à cultura

Mais de setenta centros socioeducativos de 25 estados brasileiros promoveram iniciativas simultâneas na sexta-feira (12)

A poesia, a música e a literatura marcaram as atividades autogestionadas realizadas na sexta-feira (12/07) em três centros socioeducativos da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA) na capital paulista e no interior de São Paulo. A iniciativa faz parte do III Caminhos Literários no Socioeducativo: pelo direito à cultura, organizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), por meio do programa ‘Fazendo Justiça’.

Com o tema “O que pode a cultura no Sistema Socioeducativo?”, a terceira edição do Caminhos Literários tem como objetivo o debate sobre o acesso à cultura e à leitura por parte de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa. Além disso, busca garantir o protagonismo e a participação desse público no debate. Ao todo, 78 unidades socioeducativas de 25 estados brasileiros realizaram atividades exclusivas e simultâneas no segundo dia de evento.

No CASA Juquiá, na capital paulista, as ações começaram logo pela manhã com uma palestra em formato de cine-debate, promovida pelo Instituto para Formação e Ressocialização do Egresso e Encarcerado (iFree) em parceria com o Instituto Aliança e o Na Real Brasil, alertando sobre os perigos e as consequências do uso precoce e excessivo de álcool, considerado a porta de entrada para outras substâncias.

Uma das atrações foi a participação do rapper e escritor Fábio Sagat B, cofundador do iFree. Sagat B, que cumpriu 12 anos em regime fechado, utiliza sua história de superação para inspirar os jovens, destacando como a arte e os livros o ajudaram a sair do vício e do crime. “A arte salvou minha vida. Quando estava no fundo do poço, foi a literatura e a música que me deram uma nova perspectiva. Quero que esses jovens saibam que também podem encontrar um caminho diferente por meio da cultura”, afirmou Sagat B.

À tarde, aconteceu o sarau Voz na Medida, com a presença do rapper e escritor Ciano e da poetisa e fundadora da editora Jandaíra, Lizandra Magon de Almeida, que contaram como começaram a se envolver com a produção de livros, desde zines até a criação de uma editora profissional. Na ocasião, os adolescentes tiveram a oportunidade de apresentar poesias e composições autorais que abordam diversos temas sociais. A atividade teve também a participação do escritor Sagat B e da educadora do programa Na Real Brasil, Aryani Marciano. 

Já as adolescentes do CASA feminino Anita Garibaldi, da cidade de Cerqueira César, tiveram a oportunidade de mergulhar no universo do movimento Tropicália, que teve grande importância nas artes brasileiras na década de 1960 e abrangeu diversas expressões como música, cinema, artes visuais e cênicas. As jovens assistiram a um documentário que proporcionou uma visão abrangente e profunda sobre o tema. Em seguida, participaram da confecção de um painel baseado no movimento, expressando suas percepções e criatividade por meio das cores e temáticas tropicais.

No CASA Nelson Mandela, em Bauru, os adolescentes em internação participaram de um bate-papo com Renato Bueno, poeta, professor e articulador social no movimento Hip Hop de Bauru. Com o tema “Potências Periféricas”, Renato compartilhou sua trajetória de vida, destacando suas descobertas e o impacto do gênero musical em sua jornada pessoal e profissional. Durante o encontro, o poeta apresentou seu livro “Palavra OcuLpada”, discutindo a importância da literatura e da cultura hip hop como ferramentas de transformação social e pessoal. 

“O tema desta edição do Caminhos Literários é uma oportunidade valiosa para a discussão sobre a democratização do acesso à cultura de adolescentes no contexto da socioeducação, aproximando as práticas literárias do contexto cultural, elementos fundamentais para o desenvolvimento integral e reintegração social dos nossos adolescentes”, afirmou o superintendente pedagógico da Fundação CASA, Carlos Alberto Robles. A Superintendência Pedagógica é responsável pela gestão das atividades no Estado de São Paulo.

O evento segue nesta terça e quarta-feira, 16 e 17 de julho, oferecendo mais duas tardes de programação dedicadas exclusivamente aos adolescentes em privação de liberdade. No dia 16, a programação contará com a participação de roteiristas e desenhistas de quadrinhos, enquanto no dia 17, haverá uma visita virtual guiada ao Museu Afro Brasil. A Fundação CASA apresentará o painel “Cultura, Identidade e Espaços Culturais: Qual o rolê do museu?”, destacando a importância da visitação a museus como estratégia pedagógica e lúdica para o acesso ao conhecimento e à apreciação cultural.

“Iniciativas como essas são essenciais para ampliar o horizonte dos adolescentes da Fundação CASA, mostrando que a poesia, a música e a literatura podem ser caminhos poderosos para a transformação pessoal e social”, reforçou a presidente da Fundação CASA, Claudia Carletto.

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