Fundação CASA une Carnaval e direitos da mulher
Celebração na Fundação CASA Itaquera, com apoio do Instituto Nexus, foi o fechamento de dias de estudo sobre a festa popular e a obra da compositora Chiquinha Gonzaga

Os adolescentes que cumprem medida na Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA) Itaquera, na zona leste da cidade de São Paulo, provaram que é possível lembrar a importância dos direitos da mulher a partir da celebração do Carnaval, inspirados na obra da compositora Chiquinha Gonzaga, depois de dias de pesquisas e debates nas salas durante as aulas da educação escolar.
“Ô Abre Alas”, canção feita por ela no final do século XIX, e outras músicas carnavalescas ecoaram nos dois blocos promovidos no centro de atendimento na última sexta-feira (28/02), com apoio do Instituto Nexus, organização da sociedade civil que oferece atividades de cultura e esporte para jovens das periferias, que levou o Bloco Batuque de Bola – Jardim Santo André. Todos, incluindo os servidores, brincaram a maior festa popular brasileira como manda o figurino: música ao vivo, fantasias, dança e muita alegria.
De acordo com o encarregado técnico do centro de atendimento, Irwing Henrique Silva, a proposta pedagógica com os professores da escola vinculadora, a E.E. Professora Maria Ferraz de Campos, envolveu estudo das origens do Carnaval e a sua manifestação no Brasil, ao mesmo tempo em que trouxeram a temática da evolução e conquista dos direitos femininos, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, a ser celebrado no próximo dia 8 de março.

A estratégia para unir os temas foi resgatar a figura da compositora Chiquinha Gonzaga, nome artístico de Francisca Edwiges Neves Gonzaga, uma mulher negra nascida no século XIX, que enfrentou os preconceitos de um Brasil patriarcal e se tornou pioneira como compositora, musicista e instrumentista.
Depois da teoria, os jovens montaram a decoração, criaram fantasias com máscaras e até mesmo os estandartes de cada um dos dois grupos do centro de atendimento. O grupo azul nomeou seu estandarte de “Tons de Azul”, enquanto o grupo branco fez o estandarte do bloco “Rabo do Macaco”.
Durante a celebração na Fundação CASA Itaquera, os adolescentes apresentaram sobre a cultura do Carnaval, aprenderam sobre os instrumentos levados pelos integrantes do bloco do Instituto Nexus e conheceram um pouco das histórias de vida dos integrantes, além de cantar e danças.
“Foi um momento saudável, reflexivo e diferente para os adolescentes. Alguns deles nunca tinham participado de um bloco de Carnaval”, afirmou a diretora da Fundação CASA Itaquera, Flavia Mangolin de Barros.

Para a presidente da Fundação CASA, Claudia Carlleto, a ação realizada atende a dois dos pilares da execução da medida socioeducativa. “O acesso à educação e à cultura são fundamentais no processo socioeducativo desses jovens, e trazer isso para o contexto de uma das maiores expressões da cultura brasileira apenas ressalta o quanto reeducar deve estar associado ao cotidiano deles”, avaliou a presidente.
Além dos blocos, outras ações carnavalescas no centro de atendimento ainda contaram com apoio igrejas parceiras locais no Programa de Assistência Religiosa (PAR). Na última segunda-feira (03), integrantes da Igreja Universal realizaram oficina de decoupage com os adolescentes, apresentando a técnica de decoração a partir de colagem em MDF. Já na terça-feira (04), integrantes da Igreja Verbo da Vida promoveram rodas de samba com os jovens.
Sobre a Fundação CASA
A Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA), vinculada à Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, aplica medidas socioeducativas conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Atendendo jovens de 12 a 21 anos incompletos em São Paulo, a Fundação executa medidas de privação de liberdade e semiliberdade, determinadas pelo Poder Judiciário, com base no ato infracional e na idade dos adolescentes, garantindo os direitos previstos em lei, pautando-se na humanização, e contribuindo para o retorno do adolescente ao convívio social.