Fundação CASA Itaquera promove mostra sobre Consciência Negra
Adolescentes expuseram obras elaboradas a partir de processo reflexivo sobre a influência da cultura africana no Brasil
As raízes da cultura africana estão presentes no Brasil e na semana em que se celebrou a Consciência Negra, os adolescentes que cumprem medida na Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA) Itaquera, na zona leste da capital paulista, expuseram obras e se apresentaram durante a Mostra promovida no centro de atendimento. O evento ocorreu na última terça-feira (19), na véspera do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em todo o país, pela primeira vez, no dia 20 de novembro.
As salas do espaço socioeducativo se transformaram em espaços temáticos repletos de cartazes, caricaturas, bonecos e maquete. As obras resultam do aprendizado e da reflexão que todos os jovens passaram ao longo do mês de novembro, nas discussões interdisciplinares nas aulas da educação escolar, com os professores da E.E. Professora Maria Ferraz de Campos, a escola vinculadora local da rede pública estadual.
Durante o processo de aprendizado interdisciplinar, os professores de todas as disciplinas se envolveram. A de Matemática, por exemplo, apresentou alguns cientistas negros que contribuíram com o desenvolvimento científico e tecnológico. Já a professora de Português trouxe duas canções marcantes, que foram discutidas e ensaiadas para a exibição durante a Mostra: “Canto das Três Raças”, dos compositores Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte e eternizada na voz da cantora Clara Nunes, e “Identidade”, composta e cantada pelo sambista Jorge Aragão.
O objetivo da atividade pedagógica foi destacar a importância da cultura africana na construção social e cultural brasileira, debatendo com os adolescentes temas como preconceito, diversidade étnico-racial e a relevância social e econômica do povo negro.
Para aprofundar o conhecimento, os jovens assistiram e debateram filmes biográficos sobre Martin Luther King Jr., pastor batista e ativista político que lutou pela igualdade de direitos para os negros Estados Unidos, e Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul.
“Foi importante incentivar o pensamento crítico dos adolescentes sobre a consciência negra, trabalhando temas como preconceito e diversidade étnico-racial em diferentes meios e classes sociais, além de ser um meio para que eles, que são afrodescendentes em sua maioria, se sintam pertencentes”, explicou o coordenador pedagógico da Fundação CASA Itaquera, Cícero Galvão.
A Fundação CASA hoje (26) atende a 4.503 jovens, sendo que 71,73% deles se autodeclaram como pretos e pardos, de acordo com a classificação da cor da pele indicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para a presidente da Fundação CASA, Claudia Carletto, a influência africana se manifesta cotidianamente na sociedade brasileira e, por consequência, na vida dos jovens atendidos. “O Brasil é um caldeirão multicultural que recepcionou as raízes da África na nossa arte, na gastronomia, na linguagem e em tantos outros aspectos culturais que precisam ser enaltecidos, relembrados e estudados pela juventude”, afirmou Claudia Carletto.