CASA Feminino Bom Retiro tem roda de conversa com publicitário trans

Em atividade promovida pelo Instituto Mundo Aflora, as adolescentes conheceram história de vida de quem passou pela transição de gênero

 

As adolescentes que cumprem medida socioeducativa de internação no CASA Feminino Bom Retiro, em São Paulo, tiveram uma tarde marcante ao conhecer a história de vida do publicitário Felipe Rabello Campos, que passou pelo processo de transição do gênero feminino para o masculino.

Numa roda de conversa de cerca de duas horas e meia de duração, promovida pelo Instituto Mundo Aflora dentro do programa “De Olho nos Talentos”, as adolescentes ouviram o relato da vida do publicitário que, desde que nasceu, sentia-se no processo de transição.

O publicitário contou que, desde a infância numa cidade no interior paulista, percebia ocupar os espaços de forma diferente das pessoas com as quais convivia, chegando a questionar algumas imposições culturais vinculadas ao gênero feminino, como utilizar vestidos nos aniversários infantis ou ter um namorado.

Quando se mudou para a capital, para cursar a graduação em Publicidade e Propaganda, Felipe tomou contato com pessoas LGBTQIA+ e percebeu que começou a “desabrochar”.

Embora tenha se identificado inicialmente como mulher lésbica e começado a namorar, foi só quando assistiu a um evento com um homem trans que ele realmente se encontrou. “Isso zerou a minha vida! Me identifiquei cem por cento com cada detalhe que ele contava sobre a sua vivencia”, lembrou Felipe.

A descoberta o moveu a procurar especialistas, como psicólogos, psiquiatras e endocrinologistas, para passar pelo próprio processo de transição, que já dura quatro anos. Da parcela física aparente, retirou as mamas e utiliza hormônios que o propiciam a ter a voz grave e barba. O processo psicológico continua em transição, em especial em lidar com o modelo de masculinidade tóxica que vivenciou e viveu.

Após contar sua história, Felipe respondeu a perguntas das jovens sobre o seu processo de transição e as angústias que enfrentou. “A conversa foi muito circular, para se refletir sobre as diversas formas como podemos nos identificar”, avaliou o publicitário.

“Tivemos uma troca sobre angústias, dúvidas, receios e, até mesmo, preconceitos por falta de diálogo ou informação”, concluiu Felipe.

A coordenadora do programa Aflora Mundão, Gabriela Latorraca, do Instituto Mundo Aflora, também acompanhou a roda de conversa. O Instituto é uma organização social cuja missão é efetivar a reintegração de jovens em medidas socioeducativas que já estiveram ou estão em privação de liberdade, encaminhando para oportunidades dentro e fora dos centros socioeducativos para fazer novas escolhas.

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